A Universidade de São Paulo (USP) está liderando um estudo fascinante sobre os chamados supercentenários brasileiros – pessoas com mais de 100 anos que permanecem lúcidas e saudáveis. Os pesquisadores querem desvendar quais são os fatores-chave que permitiram que esses idosos atingissem uma idade tão avançada, mantendo suas capacidades físicas e cognitivas intactas.

Os Supercentenários Brasileiros


O estudo da USP conta com a participação de diversos brasileiros que ultrapassaram a marca dos 100 anos de idade, todos eles impressionando pela sua vitalidade e lucidez. Entre os participantes destacam-se:

Irmã Inah Canabarro, 116 Anos


Aos 116 anos, a irmã Inah Canabarro é a participante mais idosa do estudo. Ela é uma freira teresiana que impressiona pela sua memória impressionante e pelos detalhes que consegue se lembrar, como o fato de adorar chocolates, mas detestar bananas. Além disso, a irmã Inah revelou que já dirigiu uma banda de música e viajou por todos os países da América Latina.

irmã Inah Canabarro

Dr. Milton, 108 Anos


O Dr. Milton, de 108 anos, é um veterinário aposentado em Brasília que se voluntariou para participar do estudo assim que soube dele. Ele é um apaixonado pela ciência e pela pesquisa, e no ano passado, em seu aniversário de 107 anos, fez questão de pessoalmente preparar a lista de convidados e lembrar o papel de cada um em sua carreira.

Dona Laura, 105 Anos


Dona Laura, de 105 anos, começou a nadar aos 70 anos e surpreende pela sua agilidade e excelente capacidade cognitiva. Ao contrário do que seria esperado, ela não perdeu força muscular com o passar do tempo, mas, na verdade, ganhou musculatura. Os pesquisadores querem entender o que há de diferente em seus músculos e genes.

Dona Laura

Seu José Bernardo, 106 Anos


Seu José Bernardo, de 106 anos, é natural de Minas Gerais e trabalha em um supermercado guardando carrinhos e cestas. Ele é considerado a pessoa mais idosa com carteira de trabalho registrada no Brasil, sendo um excelente funcionário, segundo o dono do estabelecimento. Os pesquisadores se questionam de onde vem tanta disposição.

Seu José Bernardo

A Pesquisa da USP


Os pesquisadores da USP, liderados pela professora Mayana Zatz, do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco, estão empenhados em desvendar os segredos por trás da longevidade e da saúde excepcional desses supercentenários brasileiros.

Análise Genômica e Celular


Uma das principais estratégias do estudo é realizar o sequenciamento do genoma desses idosos, buscando identificar quais genes e variações genéticas podem estar relacionados à sua capacidade de envelhecer com saúde. Além disso, os pesquisadores irão derivar diferentes tipos de células a partir das amostras de sangue coletadas, como células musculares, ósseas e nervosas, para estudá-las em detalhes.

Essa abordagem inovadora, que provavelmente torna o estudo da USP único no mundo, permitirá uma análise minuciosa das características celulares e moleculares que podem contribuir para o envelhecimento saudável. Inclusive, já foi possível criar um “minicérebro” a partir das células do participante Dr. Milton, para estudar mais a fundo os seus neurônios.

Investigação das Histórias de Vida


Além da análise genética e celular, os pesquisadores também estão coletando informações detalhadas sobre a história de vida desses supercentenários e de suas famílias. Essa abordagem holística visa compreender não apenas os fatores biológicos, mas também os aspectos sociais, ambientais e comportamentais que podem ter influenciado o envelhecimento saudável desses indivíduos.

Implicações e Importância do Estudo


Os resultados desse estudo da USP sobre os supercentenários brasileiros têm o potencial de trazer importantes avanços no campo do envelhecimento saudável. Ao desvendar os segredos por trás da longevidade e da preservação das funções físicas e cognitivas, os pesquisadores esperam poder fornecer insights valiosos para a promoção de um envelhecimento bem-sucedido na população em geral.

“Como chegou a essa idade com uma cabeça tão boa? Queremos saber o que esses genes regulam no organismo desses idosos e como isso contribui para envelhecer sem doenças”, destacou a professora Mayana Zatz.

Ao apresentar essa pesquisa durante eventos científicos, a equipe da USP têm despertado grande entusiasmo na comunidade acadêmica. Afinal, compreender os fatores que permitem que alguns indivíduos alcancem uma longevidade excepcional, mantendo-se lúcidos e saudáveis, pode abrir caminhos para o desenvolvimento de novas estratégias de promoção do envelhecimento ativo e com qualidade de vida.

Conclusão


O estudo dos supercentenários brasileiros pela Universidade de São Paulo representa um importante passo na busca por desvendar os segredos de uma vida longa e saudável. Ao investigar tanto os aspectos genéticos quanto as histórias de vida desses indivíduos extraordinários, os pesquisadores esperam obter valiosas pistas sobre os fatores-chave que contribuem para um envelhecimento bem-sucedido.

As histórias inspiradoras desses brasileiros centenários, como a irmã Inah, o Dr. Milton, Dona Laura e Seu José Bernardo, demonstram que uma velhice plena de saúde e disposição é possível. Cabe agora à ciência desvendar os mecanismos biológicos e os estilos de vida que permitiram a esses supercentenários alcançar tão notável longevidade.

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